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Você é lembra como foi o último episódio do Chapolin? - AGames

Foto: Reprodução

Chapolin Colorado, também conhecido como o Polegar Vermelho, é um dos personagens mais icônicos da televisão latino-americana. Criado pelo genial Roberto Gómez Bolaños nos anos 1970, o herói conquistou o coração de milhões de brasileiros com sua mistura de coragem atrapalhada, humor pastelão e crítica social disfarçada de piada. Mas você sabia que o Chapolin já apareceu em HQs da Marvel e da DC, e até inspirou personagens em animes e desenhos americanos?

O sucesso do Chapolin no Brasil teve um quê de acaso. Quando o SBT adquiriu um pacote de novelas mexicanas da Televisa, vieram de brinde as séries “Chaves” e “Chapolin”. A intenção era apenas exibir as novelas, mas os episódios de Bolaños chamaram a atenção. Mesmo assim, os dubladores que trabalharam nas versões brasileiras duvidavam do sucesso. Afinal, aquilo parecia tosco demais: adultos fazendo papel de criança, cenários de isopor, piadas repetidas e pancadas com som de sino.

Contrariando todas as expectativas, Chapolin caiu no gosto do público. Curiosamente, ele chegou primeiro ao Brasil do que o próprio Chaves, sendo inicialmente apenas um quadro dentro do programa “Chespirito”. Sua aparição era sempre precedida pela famosa frase: “Quem poderá me defender?”. Em poucos minutos, o herói resolvia o problema ou pelo menos tentava com muito humor e trapalhadas.

Logo, o personagem ganhou programa próprio, com episódios de até 20 minutos. Bolaños revelou que o Chapolin foi concebido como uma sátira aos super-heróis americanos. Em vez de ser perfeito como Superman ou Batman, ele era um herói “imbecil, bobo, tonto, fraco, burro, feio, covarde, idiota”, mas ainda assim, um verdadeiro herói o que tornava tudo ainda mais cativante.

As piadas envolvendo heróis estrangeiros eram constantes. Em um episódio, Seu Madruga aparece como "Super Sam", uma caricatura que misturava Superman com o Tio Sam. Em outro, quando alguém sugere chamar o Batman, Chapolin responde que ele está em lua de mel com o Robin. A ideia era clara: zombar dos estereótipos de perfeição dos heróis americanos, mostrando que até um atrapalhado pode ser valente.

O sucesso foi tão grande que Chapolin foi exibido em mais de 20 países da América Latina, além de aparecer em emissoras da Europa, África e Ásia. Seu legado também cruzou fronteiras culturais: o “Homem Abelha” de Os Simpsons é inspirado nele, e o personagem Smile Man, de One Punch Man, usa uniforme e marreta semelhantes ao do herói mexicano. A Marvel criou até a “Gafanhoto Vermelha”, uma homenagem direta ao Chapolin.


Mesmo a DC fez sua referência: em uma HQ do Superman ambientada no Halloween, um personagem aparece vestido de Chapolin. Esses acenos da cultura pop global provam que o Polegar Vermelho virou mais do que uma piada local ele se tornou um ícone universal do humor e da humanidade.

Mas tudo tem um fim. Em 1979, foi ao ar o último episódio de “Chapolin Colorado” como programa solo. O episódio é lembrado como uma despedida melancólica: os personagens relembram as aventuras e o próprio Chapolin faz um discurso final, agradecendo a todos, e dizendo pela última vez: “Não contavam com a minha astúcia!”, antes de sair de cena.

O fim não se deu por falta de audiência, mas por limitações técnicas e físicas. O custo de produção era alto, com mudanças frequentes de cenário e figurino. Além disso, os atores já estavam envelhecendo muitos deles com mais de 60 anos e as cenas de ação já não eram sustentáveis. Bolaños chegou até a se machucar durante as gravações, o que exigiu o uso de tapa-olho em um episódio posterior.

Mesmo após o fim do programa, Chapolin continuou existindo dentro do programa “Chespirito”, mas com quadros mais simples, baseados em diálogos e piadas, e menos ação física. O herói ainda aparecia de vez em quando, sempre pronto a ajudar com boa vontade e sua marreta biônica, mesmo que tudo acabasse em confusão.

O Chapolin Colorado talvez nunca tenha sido um herói no sentido tradicional, mas é exatamente isso que o tornou especial. Ele era a representação do “herói possível”: aquele que tenta, mesmo errando, mesmo tropeçando, mas nunca deixa de tentar. E é por isso que, até hoje, ele continua sendo lembrado com carinho por gerações. Porque no fundo, todos temos um pouco de Chapolin em nós e isso, sim, ninguém contava com essa astúcia.



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